Ana Cláudia se formou em Letras e cursa Direito

"Creio que muitas pessoas ainda não compreendem que estar em uma cadeira de rodas não torna uma pessoa inválida, apenas com algumas limitações físicas." diz Ana Cláudia.

Confira a entrevista que Ana Cláudia concedeu ao Diretoria Eficiente e conheça um pouco sobre essa guerreira que luta pela realização dos seus sonhos.

Ah! Não esqueça de deixar seu comentário ;) 


Nome: Ana Cláudia Fernandes Rocha 
Cidade/Estado em que mora: Francisco Sá- Minas Gerais 
Estado civil/filhos: Solteira e sem filhos 

Conte um pouco sobre como era sua vida antes de ser uma pessoa com deficiência: Eu tinha uma vida comum, era estudante de Letras/ Espanhol e Direito, iria cursar o 5º período de Direito e 7º período de Letras/ Espanhol. Sempre fui muito tranquila, gostava de conversar com meus amigos, ler bons livros de literatura. Meu dia a dia era bem movimentado entre uma faculdade e outra, família e amigos; sempre gostei de coisas simples. Existem coisas que nem todo dinheiro pode pagar como: estar ao lado das pessoas que amamos.

O que aconteceu que fez com que se tornasse uma pessoa com deficiência: Há 4 anos sofri um acidente de carro. Eu viajava com mais 4 pessoas da cidade onde meus pais moravam (Francisco Sá) para a cidade onde eu estudo (Montes Claros). O motorista foi fazer uma ultrapassagem e perdeu a direção foi quando o carro girou várias vezes e outro carro bateu na lateral do carro onde eu estava. O impacto foi tão forte que a minha amada amiga (Leila) que estava ao meu lado foi lançada no asfalto e faleceu; eu fiquei presa no cinto de segurança. Tive explosão da vértebra L4 e fraturas nas vértebras L5 e S1 e lesões no braço direito e nos órgãos internos. Fui submetida a vários procedimentos cirúrgicos.

No início quais eram suas maiores dificuldades e/ou o que mais te deixava triste? Minha maior dificuldade foi em relação ao dia a dia: vestir roupa, tomar banho etc. Devido as várias lesões fiquei 11 meses “acamada” e nesse período foi muito complicado, porque, dependia de outra pessoa para fazer quase tudo por mim. Como sou de uma cidade pequena (Francisco Sá- norte de Minas Gerais) um fato que me incomodou no início quando comecei sair nas ruas foi o olhar piedoso das pessoas. Algumas me olhavam e diziam: “Ô dó é tão nova e presa em uma cadeira de rodas”. Creio que muitas pessoas ainda não compreendem que estar em uma cadeira de rodas não torna uma pessoa inválida, apenas com algumas limitações físicas. Mas o que mais me incomoda é a falta de acessibilidade na cidade onde moro que é praticamente zero.

Você trabalha? Estuda? Pratica esporte? Fale para nós um pouco sobre sua rotina atual: Eu sou formada em Letras/Espanhol terminei meu curso graças a compreensão dos professores do Curso de Letras da Unimontes, uma vez que, não eu podia comparecer as aulas devido a minha debilidade física provocada pelas várias lesões, os mesmos me enviavam os matérias e as provas. Tive a ajuda de professores-anjos-amigos. Depois que fui para o Hospital Sarah em Brasília e consegui recuperar alguns movimentos dentre eles o do braço direito voltei para faculdade de Direito. Vou cursar o 6º período de Direito. Não é fácil ser cadeirante, mas luto todos os dias para conseguir realizar meus objetivos na vida profissional e pessoal. Sou uma pessoa agraciada por Deus pelo fato de ter ao meu lado pessoas que me amam como: minha família e meus amigos e uma galerinha que apesar de não serem cadeirantes brigam quase todos os dias para que respeitem minha vaga na porta da faculdade, os amigos da Via Fran.

Quais vitórias já obteve que gostaria de compartilhar conosco? Uma das minhas grandes vitórias foi ter voltado para faculdade de Direito. Sou a única cadeirante no curso de Direito da FUNORTE. Mas minha maior vitória é ter minha família e meus amigos ao meu lado. E ver no rosto deles um “sorriso de amor”. O maior bem que o ser humano pode ter é o amor das pessoas.

Quais seus planos para o futuro? Tenho tantos planos, me formar em Direito; passar em um concurso público; fundar uma associação de deficientes físicos em Francisco Sá etc.

Considerando que alguns leitores do Blog são pessoas com deficiência e que você já passou por muitas lutas, mas também por grandes vitórias gostaríamos que deixasse uma mensagem a esses leitores: Tenha sempre em mente que você é capaz. Ser cadeirante é difícil, mas barreiras existem para ser vencidas. Nunca abaixe a cabeça. Depois de tudo que aconteceu acidente, cirurgias etc. Compreendi que as palavras tem força. Que os verdadeiros amigos permanecem. Que a dor fortalece.  Que vencer engrandece.  Aprendi que sonhar não é fantasiar. Que fazer é melhor que falar.  Que o olhar não mente.  Que viver é aprender com os erros. Aprendi que tudo depende da vontade. Que o SEGREDO da vida é VIVER !!!

Se quiser divulgar algum trabalho, atividade, contatos, fique a vontade, esse é o momento.

Email: aninhakdvc@hotmail.com

O Diretoria Eficiente agradece a oportunidade de levar até os leitores mais uma história de sucesso! Ana Cláudia força e sucesso é o essa equipe te deseja.

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